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O “Racismo estrutural e os aspectos fundamentais da interseccionalidade de raça, cor, gênero e renda nas instituições e no dia-a-dia” foi tema de uma palestra promovida na sexta-feira, 5/5, pelo Subcomitê de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio Moral e Sexual e à Discriminação do TRT da 20ª Região (TRT-20), em parceria com a Comissão de Promoção do Trabalho Seguro e com o Grupo de Trabalho Interinstitucional da 20ª Região, no auditório da Escola Judicial (Ejud-20).

“Essa palestra visa a dar seguimento a uma determinação do CNJ, que prevê a primeira semana de maio para trabalhar as questões referentes a assédio moral e sexual e o enfrentamento a todos os tipos de discriminação”, informou a vice-presidente do TRT-20 e presidente do Subcomitê de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio Moral e Sexual e à Discriminação, no âmbito do 2º Grau, desembargadora Vilma leite Machado Amorim.

“Precisamos entender mais sobre esse tema e, nós, como gestores, temos a obrigação de saber desses conceitos, fazer observações e dizer que não podemos ficar mais repetindo que ‘não vai dar em nada’ porque quem está praticando o assédio é um magistrado, uma magistrada, um desembargador, uma desembargadora, ou a vice-presidente do Tribunal. Portanto, o objetivo dessa palestra é o de termos mais conhecimento, mais informações e, principalmente, fazer reflexão, ter o aprendizado e colocar em prática as ações de enfrentamento”, ressaltou a desembargadora.

Racismo é economia

O evento teve como palestrante o advogado e professor Eduardo Santiago Pereira, que, ao discorrer sobre o tema, frisou que discutir questões raciais exige que seja falado sobre economia.

“Racismo é economia. Quando alguém tenta falar comigo a respeito de questões raciais, eu pergunto se vamos conversar sobre números. Se não vamos conversar sobre números, não tem como discutirmos essa questão. O racismo é educação, é espaço de poder, perpassa a questão da relação sexual e, sem esses itens, infelizmente, não temos como discutir essa questão sob o aspecto técnico. Porque todos eles nos ajudam a entender como se formam e perpassam as questões raciais na atualidade”, disse o professor, que apresentou dados do Atlas da Violência de 2021, do Anuário de Segurança Pública, entre outros, durante a sua palestra.

Atitudes ensinam mais que palavras

A juíza do trabalho substituta, Júlia Borba Costa Noronha, presidente do Subcomitê de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio Moral e Sexual e à Discriminação no 1º Grau, citou uma situação que viveu dentro de sua casa e a importância de identificar o que causou o problema para poder combatê-lo.

“Eu estava lendo um livro com meu filho, na época com seis anos de idade, que se chamava: ‘O príncipe Preto’, e, ao fim do livro, ele me disse espontaneamente que não gostava de negros. Isso me impactou de uma forma, perguntei a ele o porquê disso, e ele respondeu ‘porque tinha medo’”, contou.

De acordo com a juíza, o pai, ao conversar com o filho para entender a afirmação dele, descobriu que o ato da mãe, de fechar as janelas do veículo quando pára em sinais de trânsito, com receio da abordagem dos flanelinhas, cuja maioria, na sociedade brasileira, é negro, induziu o filho a fazer uma associação da cor da pele dessas pessoas com o ato de fechar os vidros, refletindo na construção de um racismo estrutural na cabeça do garoto.

“E isso me fez refletir que o símbolo, muitas vezes, é mais importante do que o dito. Essa situação me impactou muito porque a educação não é só o falar. É, também, o ato que pai e mãe, principalmente, praticam. Então a gente lá em casa começou a colocar ele em mais contato com histórias, livros e filmes com a valorização e empoderamento das pessoas, como um todo. Graças a Deus, ele está crescendo e já está entendendo que foi a escravidão e, ja já, vai entender a enorme ferida social que nós temos, e que precisamos correr atrás para resolver. Precisamos, realmente, olhar o problema, identificar e combater”, declarou a juíza Júlia Noronha.

Texto: Moema Lopes
Fotos: Moema Lopes e Tiffany Tavares
Ascom TRT-20