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A manhã desta terça-feira, 12 de dezembro, foi marcada pela realização da VI Conferência Estadual do Programa Trabalho Seguro. O evento reuniu autoridades, servidores, advogados, trabalhadores e empregadores, profissionais e estudantes de áreas afins, em torno do tema “Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho”.

O evento é uma promoção do Programa Trabalho Seguro, de âmbito nacional e que em Sergipe é conduzido pelo Grupo Interinstitucional da 20ª Região (Getrin20), formado pelo TRT da 20ª Região (TRT20), Ministério Público do Trabalho da 20ª Região (MPT20), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Advocacia-Geral da União (AGU) e Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).

O desembargador presidente do TRT20, Thenisson Santana Dória, fez a abertura do evento e destacou a importância da abordagem do tema nos dias atuais.

“O mundo contemporâneo passa por uma situação em que nós vivemos uma dicotomia de amor e ódio. As pessoas são acusadas em redes sociais e muitas vezes não lhes é dado o direito de ampla defesa. No ambiente de trabalho, a situação também não fica muito diferente. Hoje, nós vivemos a situação da onipresença, onde precisamos estar presentes a todo instante e em todos os lugares, e com isso a cobrança é constante e imediata”, disse.

De acordo com Dr. Thenisson, as organizações têm sofrido com o número elevado de afastamentos por transtornos mentais como depressão e ansiedade. “Aqui no TRT nós convivemos com uma cobrança constante de cumprimento de metas. Mas nós tentamos, nesse cumprimento, não fazer dele um meio, mas que seja um fim de uma forma não tão pesada. O número de demandas na Justiça do Trabalho elevou-se consideravelmente nos últimos anos, então, a cobrança perante a sociedade também aumentou”, ressaltou o desembargador presidente.

A conferência foi realizada pelo doutor em Teoria Psicanalítica, Bruno Leal Farah. Segundo o conferencista, psicólogo do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, se não houver uma prevenção, a situação vai ad eternum, porque as empresas não são acostumadas a tratar a depressão. “As empresas são acostumadas a adaptar o indivíduo à organização do trabalho. Só que um transtorno mental não é uma doença da falta de adaptação, é uma doença da falta de sentido, e sentido só se produz no coletivo”, explicou.

Em sua explanação, o psicólogo também abordou a questão do assédio organizacional. “Diferente do assédio moral, o assédio organizacional não tem uma vítima, um algoz. É todo um sistema da própria organização, dos dispositivos de gestão, que levam ao sofrimento psíquico, a uma certa violência no trabalho, que é chamada de “violência legitimada para fins de produtividade”, que envolve metas, avaliações de desempenho, motivação unicamente centrada na remuneração diferenciada, isso tudo leva a um ambiente de pouca cooperação, mais competição, isolamento, solidão, e acaba levando ao aumento dos transtornos psíquicos no trabalho”, esclareceu Bruno Farah.

Participaram da conferência o Desembargador Presidente do TRT20 e Gestor Regional do Programa Trabalho Seguro em Sergipe, Thenisson Santana Dória; o Procurador-Chefe da Procuradoria Regional do Trabalho da 20ª Região, Emerson Albuquerque Resende; o Procurador-Chefe da Advocacia-Geral da União, Ávio Kalatzis de Britto; o Procurador Federal e representante da Escola da Advocacia-Geral da União, Célio Rodrigues da Cruz; a Superintendente Regional do Trabalho e Emprego, Celuta Cruz Moraes Krauss; o Presidente da Comissão de Segurança do Trabalho da OAB/SE, José Gabriel Beltrão e o juiz titular da 8ª Vara do Trabalho e Gestor Regional do Programa Trabalho Seguro, Alexandre Manuel Rodrigues Pereira.

Fotos: Fábio Pamplona