Mulher trabalhadora é tema de debates em fórum promovido pela Rede de Atenção à Saúde do Trabalhador com apoio do Getrin-20
- Publicado: Sexta, 27 Outubro 2023
Os desafios da mulher para conquistar a valorização e a inserção no mercado de trabalho foram temas do fórum “A Mulher Trabalhadora e as Relações no Trabalho: Construindo um Ambiente Saudável”, realizado pela Rede de Atenção à Saúde do Trabalhador (Reast), na quinta-feira, 26/10, no auditório da Faculdade Maurício de Nassau, em Aracaju. O evento contou com o apoio do Grupo de Trabalho Interinstitucional da 20ª Região (Getrin-20), coordenado pela vice-presidente do TRT da 20ª Região (TRT-20), desembargadora Vilma Leite Machado Amorim, do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Aracaju (CMDM) e da Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Enquanto representante do Getrin-20, a desembargadora Vilma Amorim discorreu sobre o processo histórico da divisão sexual e racial nos ambientes de trabalho, assim como o porquê de a mulher, ainda no século XXI, sofrer discriminação, abuso e assédio moral ou sexual. A questão da baixa remuneração em comparação ao valor do salário que é pago ao homem, principalmente em relação à mulher negra, também foi abordada pela magistrada na mesa de debates.
“A mulher negra ainda é a mais discriminada nas relações de trabalho, seja pelas atividades que ela executa, ou pela remuneração que ela recebe, que geralmente é mais baixa que a da mulher branca. Então, é muito importante trazermos essa discussão quanto à divisão racial e sexual no trabalho”, afirmou a coordenadora do Getrin-20.
A desembargadora Vilma Amorim também levou para a mesa de debates a questão do trabalho não remunerado, exercido pelas mulheres. “Historicamente a mulher tem sempre a função de cuidadora, seja dos filhos menores, seja das pessoas doentes ou com deficiência, seja dos idosos. E, geralmente, elas não são remuneradas por exercerem essa atividade. Isso sem contar, que a mulher que cuida, também precisa ser cuidada. Então, vamos tratar, também, sobre a necessidade de políticas públicas para os trabalhos não remunerados e para os cuidados com a mulher, principalmente entre a população acima de 80 anos de idade, em que predomina a mulher, segundo estudos já realizados”, frisou a magistrada.
A professora da UFS, Vera Núbia Santos, que falou sobre a inserção da mulher no mercado de trabalho e sobre a percepção da exploração da mulher negra nos ambientes de trabalho, destacou a importância da realização do Fórum. “Acredito que um evento como esse possibilita estimular as mulheres a se reconhecerem como um grupo forte, que chegou onde a gente chegou hoje, às custas de muita luta de nossa ancestralidade, mas que entende que é preciso ir além porque o cuidado do lar e da família, não é só da mulher, mas de todos”, frisou a professora, ao acrescentar que existe, em nível nacional, um grupo acadêmico que tem discutido as desigualdades de gênero, inclusive, na ciência.
A secretária municipal da saúde, Waneska Barboza, informou que é preciso voltar o olhar sobre os cuidados com a saúde da mulher. “A mulher tem uma tripla jornada de trabalho, pois ela precisa de cuidar dos filhos, de cuidar da casa, precisa de sair para trabalhar e de dar conta de várias coisas ao mesmo tempo. Obviamente que, com isso, recai sobre a mulher uma sobrecarga física e emocional muito grande. Por isso, debates como esses são tão importantes para que haja o enfrentamento dessas situações e a continuidade da luta para que a mulher continue ocupando os espaços públicos, na política e de liderança. Precisamos avançar nas conquistas de diplomas que os homens já possuem e na ocupação de cargos que os homens já ocupam. Então, debates como esse, com a participação de diversos órgãos, são muito importantes”, disse a secretária.
“A gente vem hoje aqui para tentar levantar quais são os direitos que a mulher tem enquanto trabalhadora e como garantir esses direitos na relação interpessoal no trabalho, na igualdade salarial e de gênero e na saúde da mulher no ambiente de trabalho”, afirmou a representante do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Aracaju, Joelma Dias.
Apesar de todos os avanços e conquistas, a mulher ainda enfrenta muitos preconceitos, principalmente no ambiente de trabalho, segundo explicou a coordenadora da Reast, Yara Verônica Couto de Vasconcelos. “As mulheres muitas vezes são as provedoras da casa e, mesmo assim, ainda há uma discriminação, um tratamento diferenciado em relação a elas, principalmente entre as que trabalham em regime de CLT”, destacou ela, ao acrescentar que o fórum "A Mulher Trabalhadora e as Relações no Trabalho: Construindo um Ambiente Saudável" teve como objetivo a produção de um material de base para a elaboração de um artigo que poderá ser utilizado como ferramenta de divulgação e contribuição para a sociedade nas ações de valorização da mulher no mercado de trabalho.
Fotos e texto por Moema Lopes
Ascom TRT-20